A dinastia Brandão e o risco de transformar o Maranhão em patrimônio de família

A pré-candidatura de Orleans Brandão ao Governo do Maranhão levanta uma série de questionamentos sobre o futuro político do Estado, e sobretudo, sobre o quanto o atual governador, Carlos Brandão, está disposto a manter o poder a qualquer custo, ainda que isso signifique impor um nome sem experiência e sem trajetória consolidada na vida pública.
Com um currículo discreto e nenhuma vivência administrativa significativa, Orleans surge como uma escolha claramente pautada por interesses familiares. A impressão que se tem é de que Carlos Brandão quer criar a sua própria oligarquia no Maranhão, tentando transformar o Estado em um feudo político sob o comando do seu sobrenome. Em nenhuma outra parte do Brasil se viu um movimento tão explícito de colocar um sobrinho como sucessor direto ao governo de um estado, uma manobra que escancara o caráter personalista e familiar do projeto político em curso.
Segundo informações de bastidores, a família não pretende parar por aí: Marcus Brandão, irmão do governador, também deve disputar uma vaga de deputado estadual. A esposa dele, Audrea Noleto, estaria nos bastidores se movimentando politicamente, e a filha do casal, Mariana Brandão, já deu os primeiros passos na política. Um verdadeiro clã se formando, não por vontade popular, mas por conveniência estratégica.
A pergunta que fica é: Orleans Brandão tem, de fato, condições de governar um estado complexo como o Maranhão, ou é apenas mais um elo de um projeto familiar de perpetuação no poder?
É legítimo que um grupo político tenha força e articulação, mas quando o desejo de se manter no comando se sobrepõe à qualificação e ao interesse público, é a população que corre o risco de pagar a conta. O Maranhão merece mais do que uma sucessão dinástica travestida de renovação.
Por Felipe Serra